Observação do dia 10 de Março de 2017. pelas 10:23 Até às 15:29 hras
Vamos ver as ultimas "notas" deste dia, hoje acabamos cedo, às três e meia da tarde tivemos de abandonar o posto, mas fica deste dia momento bem documentado.
depois das 10 horas voltamos a ver e o cenário parecendo igual não o é, pois há sempre pequenas nuances que tornem esta aventura muito mais aliciante
como a que vamos ver, quero dizer: Vocês vão ver, através das minhas palavras, a minha experiência contada.
Como já nos habituamos, a rola quando dá pela nossa presença faz questão de o mostrar olhando-nos e como sabemos que, ela sabe que a observamos com respeito, faz questão de nos mostrar algo que ainda não tínhamos visto
e este é o momento:
- então voltaram! Já que continuam interessados em ver, vão assistir a uma lição. Notem bem.
e acto imediato começa a cantar, enchendo o peito de ar inclinando-se sobre o ninho faz o seu inconfundível Tutrrrr Tutrrr
Fiquei que nem podia, ali quieto a ouvir este arrulhar, qual canção de embalar e nem me passou pela cabeça de lhe perguntar, pensando, que este momento queria dizer
e o canto continuou cadenciado, em tom baixo quase sussurrado
e ao som deste cantar olhamos o tempo em redor, o céu está limpo de azul e o sol espraia-se sobre os telhados. O pinheiro impõem-se na paisagem e podemos garantir que toda a paisagem e a sua gente nem sonha o que aqui se passa
Observamos mais uma vez afastando um pouco a objectiva para não esquecermos que a distância é grande entre nós e o ninho
Agora o canto terminou, vamos ver mais de perto o que se passa
A Rola está mexendo os filhotes como se os contasse. Se for para os contar não tem muito trabalho pois só são dois
Ops! ela percebeu o nosso pensar e:
- não estou a contar. assim como não era nenhuma canção de embalar o que ouviram à pouco.
Bem nós pensamos, ia argumentar, mas ela continuou.
- cada acto é uma lição. o canto que eu estava a fazer, é uma individualização da nossa personalidade. Assim os meus filhotes terão de o saber desde que nascem
e faz mais uma demonstração. Canta e podemos ver a atenção dos filhotes que ouvem sem pestanejar
enche o peito de ar e parece perguntar-nos:
- Perceberam!
E renova o seu Tutrrrr, Tutrrrr , ali bem junto às cabeças dos filhotes, como podemos ver neste gesto ternurento
- e já agora nós não contamos como os humanos.
mais uma surpresa, eu ia argumentar sobre o contar mas ela continuou
- É mesmo isso, como vocês dizem, telepatia quase. Eu, com pequenos toques, como qualquer rola, passo mensagens que eles vão percebendo a cada dia, esta é a maneira de os ensinar
e continuou, hoje está muito "faladora"
- Perceberam? A vida de rola não se assemelha à vossa. Nós temos os nossos códigos que temos de passar ao filhotes para eles serem independentes o mais depressa que for possível, mas sem as pressas humanas, a cada dia novas aprendizagens até estarem capazes
e para nos mostrar que a autonomia existe no mundo das rolas, ela levanta voo e deixa o ninho entregue aos mais novos
e os filhotes parecem estar calmamente a interiorizar as aprendizagens, tão compenetrados que nem se mexem
O sol continua a iluminar e aquecer o ninho, neste mês de Março, o calor ainda é bem vindo a este ninho que ganhou vida muito antes da Primavera...
Continua...
Luís Rui